quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Depoimentos


Nunca me imaginei vivendo sem um companheiro, não sabia fazer nada sozinha: compras em supermercado, trocar um botijão de água (ainda não sei), ir a algum lugar sem ter um homem ao meu lado ou dormir sem alguém do lado (hoje durmo encostada aos travesseiros, para ter a sensação de que não estou só). Quando cheguei ao MADA, havia acabado de ter a briga que me levou à separação (saliento, era minha quarta separação), eu estava num estado de depressão deplorável, eu não comia, não dormia, não raciocinava, apenas chorava, porque saía de um relacionamento no qual eu não me sentia feliz, as atitudes do meu companheiro haviam me deixado com a autoestima mais baixa que o chão e eu só pedia a Deus que me tirasse daquela convivência ou o transformasse no melhor marido do mundo (como isso nunca aconteceu), sair daquela situação tinha sido a solução (entretanto, hoje compreendo que é necessário uma preparação, pois, sair como sai, me deixou perdida, desamparada). No MADA aprendi que o mais importante é a nossa saúde, a nossa tranquilidade, a nossa paz de espírito (pois com ele, muitas vezes, eu não conseguia nem trabalhar, tão grande era a perturbação que ele me causava; eu estava num ponto que o vigiava no trabalho ou pagava para alguém fazer isso, e fazia ameaça a qualquer mulher que ousasse se aproximar dele). Aprendi que viver sozinha é um aprendizado e que cada dia aprende-se a lidar melhor com os outros, que devemos respeitar nossos limites e dar ainda mais atenção aos nossos sentimentos e dificuldades, que é preciso diminuir o nosso ritmo de vida, para viver mais e melhor. Compreendi que os defeitos de caráter do meu companheiro como: cantar muitas mulheres (inclusive minhas melhores amigas) e querer possui-las (atitude pela qual até nódulos na mama me sugiram) e querer sair sozinho com amigos para beber ou não querer que eu participasse das festas da sua família ou não querer participar das festas da minha família e amigos, estavam me fazendo muito mal, mas que essas coisas eram defeitos dele que me levaram a me tornar uma MADA (mas, creiam hoje sou uma MADA em recuperação e tenho orgulho de participar do grupo MADA a dois anos).

Anônima, 47 anos.

Cheguei ao grupo MADA bastante relutante. Não queria aceitar a minha realidade. Passei quase um ano pesquisando sobre o tema, mas dizia pra mim mesma: " não sou assim, essa não sou eu. Afinal não persigo ninguém, nem tentei suicídio." Mas chegou o dia em que percebi que precisava de ajuda. Entendi que durante a minha vida toda estava presa num padrão de relacionamentos destrutivos e que minhas escolhas eram feitas através da carência que sentia. Eu não existia . Me moldava conforme o parceiro que eu estava. Eu não tinha mais personalidade e me sujeitava a maus tratos e até a violência física, por achar que se ele me deixasse, ninguém mais iria me querer e também que  eu merecia ser tratada daquela forma. Passei anos do meu casamento acreditando que o "amor" que eu sentia por ele era o suficiente para nós dois,ele não precisava me amar! Como eu estava errada!!
Afinal se eu nunca me amei  e me aceitei de verdade, como poderia exigir isso de alguém?
O ciúme, a possessividade, a insegurança e o controle excessivo de tudo foram as minhas principais características durante muito tempo. Eu barganhava o amor e atenção dele com presentes e tomando conta da vida toda dele. Eu achava que com isso eu seria indispensável na vida dele e pra mim isso bastava. eu pensava: " Ele precisa de mim... Tudo dele é comigo... Ele não sabe resolver nada sem mim".  E ao contrário do que eu imaginava eu o afastava cada vez mais, me tornei dispensável. Simplesmente por que eu não existia mais como mulher, me tornei mãe ou outra versão dele mesmo. Nos piores momentos da minha dor, num momento de extrema agonia clamava a Deus que me matasse, que me tirasse daquele sofrimento.
Foi muito difícil para mim aceitar essa dependência destrutiva. Meu corpo aos poucos começou a somatizar todo esse mal. Tive crises muito sérias de Ansiedade e Panico que culminaram num inicio de depressão.
Foi quando cheguei ao MADA. Abrir àquela porta foi uma das coisas mais dificeis que eu fiz. Mas hoje eu louvo a Deus por ter feito.
Ainda estou em recuperação, já frequento a sala há mais de um ano. Lá encontrei alivio, aceitação e serenidade. Hoje cada dia estou trabalhando para me conhecer melhor, já estabeleci limites no meu relacionamento não aceitando mais ser mau tratada, e a cada dia com a ajuda de Deus, do MADA e da terapia estou reconstruindo a minha pessoa.Explorando o que tenho de melhor e fazendo as correções necessárias. Afinal, quando começo a me compreender e me aceitar automaticamente reproduzo isso no meu próximo.
Diante de Deus temos valor, não devemos desperdiçar a vida que ele nos confiou com dor e sofrimento que os relacionamentos destrutivos nos causam.

Anonima, 32 anos.

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